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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Apresentando, a menina.

Tá. Tudo bem. Confesso: não sou mais tão menina assim. Pelo menos, não por fora. Por dentro, uma boa parte também não. Mas ainda tem um restinho que insiste em permanecer menininha dentro desse corpo de trinta e poucos anos.

De uma forma ou de outra, desde menina eu sempre gostei de escrever. Teve um ano que eu fui proibida de participar do concurso de redação da escola, porque já tinha ganhado três seguidos. Injusto pra caramba. Mas acho que, aos treze anos, estavam tentando me preparar para a vida, que também é injusta.

Cresci, fiz um monte de coisa errada, um outro monte de coisas certas, e aí um dia aparece alguém e me diz: você pode escrever um livro.

Poft! Morri.

Não! Pera aí! Não posso morrer agora! Eu preciso escrever um livro antes! 

E foi assim que começou a minha saga, que provavelmente vai demorar um tempo pra se concretizar ainda, mas que já me custou algumas unhas, algumas noites sem dormir e já me deu de presente mais algumas rugas. 

A minha parte eu já fiz. Escrevi. Na verdade, não foi simplesmente "escrevi". Eu literalmente pari um filho. A gestação foi mais rápida do que eu imaginei que seria. Mesmo porque não sosseguei enquanto não terminei.

A princípio, é pra ser uma compilação de crônicas. E todas elas falam de mim. Prato cheio para os curiosos que sempre gostaram da minha vida. A propósito, um pequeno parenteses. Eu nunca entendi isso. Sou tão sem sal, minha vida é tão sem graça, e ainda assim, tem tanta gente querendo cuidar dela por mim. Já foi a época em que eu era o ponto maior da indignação da sociedade, ou o grande alvo de todos os preconceitos. Hoje, sou só uma mãe (e ao mesmo tempo pai), advogada, em neura com os kilinhos a mais, e tentando ser alguém na vida. O que tem de tão interessante nisso? Enfim... Fecha parenteses.

Uma boa parte dele, eu já tinha pronta. Mas um fato é incontestável: se eu escrevo alguma coisa, se, depois de um tempo, eu parar para reler, vou achá-la estupidamente ridícula. E vou querer mudar tudo. Então me disseram que eu não posso reler o que eu escrevo. Tá. Mesma coisa que colocar uma banana bem do lado de um macaco e dizer pra ele não comer. Impossível!

Eu precisava colocar um fim. Marquei então a data da indução do meu parto. Tinha que ser naquele dia, não dava mais pra segurar meu filho dentro de mim. A noite chegou, e eu sentei com meu notebook querido na minha cama. Sabíamos, nós dois, que não chegaria até o amanhecer. De fato, não chegou. Ele nasceu as 4:15 da manhã.

E quem foi que disse que eu consegui dormir depois disso: Meu editor costuma ver e-mails logo cedo, e ele praticamente madruga. Tentei de tudo. Até auto-hipnose (que costuma funcionar comigo que é uma beleza). Mas não teve acordo. As 5:40, eu me levantei. E o tempo demorou séculos pra passar.

Minha filha (a que não é um livro) acordou, cumpri minhas obrigações de mãe, levei ela pra escola e voltei. Justamente naquele dia, o bendito do editor não abriu e-mails cedinho. O resultado foi que das quatro e pouco  até as oito e meia eu quase tive uma síncope. De qualquer forma, se eu tivesse morrido, eu seria como  Stieg Larsson.

Mas eu sobrevivi. E isso tudo aconteceu faz pouco mais de uma semana. E eu já sei que o tempo que passou foi só a primeira semana. Que muitas outras virão. Inclusive, pode ser que todas as outras venham e não aconteça nada. Enquanto isso, não existe absolutamente mais nada que eu possa fazer, senão escrever. Então, blog novo pra mim. Pelo menos assim, eu tenho onde escrever!

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