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sábado, 21 de janeiro de 2012

A resposta do leitor

Eu levei uma bronca. Um tapa na cara, com luvas de pelica. E nem me dei conta do quanto eu estava precisando disso.
Como já muito bem disse Zeca Baleiro, “vida, vida, noves fora zero”. Sem saber, e sem querer, eu fui extremamente injusta com meu leitor. E, como a palavra proferida nunca volta, o que me resta é tentar a redençao. Eu definitivamente não sei como fazer isso senão com mais palavras. Espero não estar cansando-o.
Foram poucas as frases que eu tive em resposta à minha suposta perda, mas eu acho que consegui tirar delas tudo aquilo que elas queriam dizer. Eu não conseguiria ter sido tão objetiva. Ao contrário de mim, meu leitor é simples. Eu, pronome indefinido. E confesso que estou tendo dificuldades em deixar este texto claro como deveria ser. Não será, provavelmente. Mas não me custa tentar.
Esta sou eu, abaixando a cabeça, e pedindo perdão publicamente.
Eu errei, primeiramente, ao chamá-lo de meu. Não por não acreditar que o tenho (ou tive), mas por tornar posse aquilo que é sentimento. O que eu sou, sabes. Máscaras nunca foram necessárias desde que deixamos de lado os personagens. Enxerga meus olhos como um diário, e neles me folheia, passeando a cada dia pelas minhas noites. Desncessário saber onde estou para compreender, depois, por uma breve leitura, que eu sempre estive maquinando e recriando. Recreando. Mina de letras, que se unem muitas vezes sem a minha permissão. E por isso, perdão.
Eu errei, ainda, em insistir que lesse o pedaço do meu coração. Parcial. Sem espaço para argumentação. Apenas me deixei levar. Perguntou-me se era verdade ou “tipo”. Não sou tipo. Não com você. Já disse outras vezes que preferia não saber escrever se isso implicasse em não sentir tudo que sinto. Mas sou tormenta. E muitas vezes nao tenho consciência de que os ventos fortes que sopram ao meu redor respingam a minha dor onde não deveria jamais haver qualquer dissabor.
Tentativa desesperada de manter seus olhos sobre os meus escritos, ultrapassei uma barreira que eu sempre soube existir. Se vai me ler, que leia o que eu tenho de bom. Você é muito (ou quase tudo) que me faz sorrir. E em sorriso, sou a minha parte boa. Desejo apenas que continue me decifrando, porque o faz como ninguém.
Finalmente, errei porque deixei transparecer apenas o que me dói na tua ausência, sem dizer, contudo, que sempre em mim tu és presença. Não te quero diferente, mas que seja sempre em mim crente. Não te quero mudança, mas que faça parte da minha andança. E não te quero mais do que te tenho. Leitor. Amor.
Peço licença ao poeta Marcelo Jeneci para parafrasear uma de suas canções. Algumas vezes, eu gostaria de ter escrito aquilo que um outro alguém já escreveu e expressou-me muito melhor que eu mesma teria capacidade para fazer.
Não mais te darei flores, porque elas murcham e morrem; nem te darei presentes pois envelhecem e desbotam. Não te darei bombons, porque eles acabam, eles derretem; nem te darei papéis pois rasgam e borram. Não te darei discos porque eles riscam e arranham.
Farei, mas não te darei. Guardarei. Ou apenas esquecerei. Como esqueço toda a dor que de fato eu sinto. Some tudo quando em você eu apareço.
Mas dar-te-ei os sorrisos em textos, e desejarei que os olhos meus sejam os olhos teus.  Porque esses embalam, mas esses ficam.
E dar-te-ei a mim mesmo agora, e serei mais que alguém que vai correndo para o fim. Essa morre, essa envelhece, acaba e chora, desespera. Essa vai, mas essa volta.

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