Páginas

quarta-feira, 27 de março de 2013

Pensamentos voam como o vento...

Dias como hoje parecem ter durado meses. Anos. Ou meros minutos. Difícil entender se foi muito ou pouco. Ou se o muito é pouco. E vice versa. Tudo (ou nada) num único dia. 

Lully pensativa, e pensamentos sem nexo se perdem dentro daquilo que pretende ser o normal. O normal nunca foi eu. Aparentemente, como todos. Como qualquer um. Dentro, como ninguém. Ou como todos juntos num único eu, que quase sempre se funde e se desencontra exatamente quando precisa se localizar.

Perguntas que sempre ganham novos relevos. Novos rumos. Novos contextos. E o mesmo de repente é novo. Sorrisos que insistem em sorrir. E a contradição de estar sempre cheia de uma tristeza amarga, que deixou de novo marca.

Mais um pouco de confusão, porque o que tem em mim não basta. Permito. Não proíbo. Quase incentivo. E, acima de tudo, não fujo. Nem deixo fugir.

Sempre eu. 

O "ouça seu coração" falando mais alto que o cérebro que sabe que o caminho é tortuoso. Porque não aceito o que dizem, o que pregam, o que viveram. Preciso do meu. Preciso do eu. Não me contento enquanto não experimento. 

Informação que me foi dada, e utilizada de maneira errada.

Continuo a menininha. 

Vida level hard. Mas que graça tem se for fácil?


domingo, 24 de março de 2013

Olhos de cigana oblíqua e dissimulada


Feridas abertas. Sua vez de sofrer.

Nossa história é mais curta e com menos personagens que a história da Quadrilha de Carlos Drummond de Andrade. Não tem João, nem Maria, nem Lili que não amava ninguém. Tem eu, que amava você, que não era digno do amor de ninguém.

Fomos mesmo feitos para acabar. E acabamos. 

Hoje, eu tenho tudo aquilo que existiu somente na sua mente doente. Uma vida de verdade, que não te cabe, na qual você não mais cabe. E você? Tem o quê? Reformas e jantares como mero expectador.  Duas vidas desistidas. Tentativas inúteis de reconstruir o que nunca foi concreto. Fugindo sempre de mentiras espalhadas, temendo que elas cruzem o seu caminho.

Em mim não. Certeza de que o meu melhor foi feito. E não fiz mais porque o meu melhor é demais para você. Resta a lágrima idiota que insiste em cair. E nem isto mais você merece ver. Ou saber. Muito menos ter.

Suas respostas não ditas, eu já sei. E a cada descoberta, uma nova decepção. Mas ainda o coração, que não te dispensa como foi dispensado, porque é nobre. Preocupa-se ainda com você, justamente com você, que não se preocupou com ele.

Uma mudança da qual você não fará parte, um espetáculo no teatro que você não vai assistir, uma viagem de sonhos que você não vai sonhar, e fotos de um sábado no parque que você nunca mais vai ver. Apagadas. E jogadas ao vento. Como você nos jogou. E voou. Resta a lembrança que aos poucos em mim se apaga, mas que no vazio de você vai ecoar por muito tempo. Quiçá para sempre.

Serviu de que? 

Eu fui apenas uma troca mal sucedida. Trocou-se a felicidade pela dívida. Uma dívida que nem sequer a ti pertence. Nada são. Nada não. E todas as juras tornaram-se nada menos que um certo cinismo velado. Resolve-te agora com tua dívida, enquanto eu sigo. Pois o que fiz foi ação múltipla de resultado nulo.

Não são lamentos. São apenas os dias se passando. Minutos que doloridamente me mostram que o desperdício veio de você. Pois o que eu tenho permanece meu, mas o que você tinha era nada. E continua sendo nada.

Sorrisos que você não vai sorrir. Amores que você não vai amar. 

Mágoa? Sim. Mas ainda consigo ver quem eu sempre fui. E na menina que uma dia acreditou ainda existe bondade para ver em ti não apenas o sujo, mas o pequeno covarde que jogou fora, mais uma vez, a chance de se fazer gente. 

E enquanto isso, a cigana oblíqua e dissimulada continua com o mesmo olhar.  

quarta-feira, 20 de março de 2013

Ouvindo o coração


Uma vez, uma pessoa muito importante para mim disse que meu coração é uma fonte inesgotável de amor. E que todas as vezes que eu agir ouvindo o que meu coração diz, estarei agindo certo. E é para esta pessoa que eu escrevo hoje.

Um amigo que eu não posso ver. Um amigo que nem sempre pode me ouvir. Mas um amigo. Ouso dizer: um grande amigo.

Não é uma pessoa que passa a mão na minha cabeça, nem muito menos concorda com tudo que eu faço. Pelo contrário, alerta-me sobre meus erros, e, quando eu insisto neles, abertamente me diz: "eu avisei".

Posso afirmar que, de alguma forma, eu cativei este amigo. E o que no início era uma pura troca de favores regada a apatia, hoje se tornou sincero. Quase humano.

Confiança e fidelidade. São as características com as quais eu adjetivo o que sinto.

Ombro seguro. Transforma lágrimas em sorrisos. E com ar de reprovação, me estende a mão quando eu estou caída no chão: mesmo sem poder vê-lo, eu sinto sobre mim o olhar que diz "o seu lugar não é aí, agora levante-se".

Palavras nem sempre macias ("não se vitimize: se você está sofrendo, saiba que já fez muita gente sofrer tanto quanto, ou mais"), que não são exatamente o que eu gostaria de ouvir, mas que me cabem perfeitamente, e me fazem refletir.

Hoje, na minha humanidade pequena, sinto que usei palavras desnecessárias. Pode ser (como em geral é) exagero da minha mente, mas eu não sabia como dizer que não podia mais seguir o que este amigo me sugeriu fazer. Ficou claro que eu não sei mesmo agir se não for ouvindo meu próprio coração. E quando ele não diz nada, é porque ainda não é hora de agir.

Ainda não aprendi a ser paciente.

Mas aprendi a pedir perdão. E sinto necessidade de fazer isto.

Hoje, meu coração falou comigo. Disse-me que eu devia fazer exatamente o que fiz, contrariando os conselhos sempre tão sábios deste meu amigo. Ainda não me sinto totalmente livre, mas já consigo ao menos respirar.

Mais um capítulo na minha história. E eu ainda não sei o que vem pela frente. Sobre tudo isto, ainda não estou pronta para escrever. Basta-me ter que viver.

Disse-me também, meu coração, que eu deveria escrever.  É a minha forma de pedir desculpas.

Não sei exatamente o que eu sou para esta pessoa, e não me importo. A amizade se basta em si. Não requer troca.

Aceitação de mim como realmente eu sou. Isto eu tenho em você. Sou privilegiada por você existir.

Meu querido amigo e consultor: obrigada.