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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Mudando


Caixas, coisas perdidas, dor de cabeça, bagunça que parece que não vai ter fim.

Mas aos poucos, as coisas velhas vão encontrando novos lugares, e as que não encontram vão para alguém que as terão como novas. E darão a elas novos lugares.

Faxina na alma. Vida que reinicia. Segunda feira sem cara de tédio. 

O que era de lá, ficou lá. Aqui não tem espaço. E o que veio, será revisto. Relido. Revivido. Renovado.

Um novo começo, porque o outro começo ficou velho. E acabou. 

Um ano se passou desde que a outra mudança se mudou. E eu mudei. Ganhei novas cicatrizes, novas dores, novos amores que já se perderam, novos caminhos, novos projetos. Em especial, um novo amigo. Que vai comigo agora para todas as próximas mudanças. 

No velho lar, ficam as vibrações pesadas, as esperas choradas, as desilusões passadas, as amarguras conquistadas. 

E no novo, o novo.

Venha, porque será bem vindo.

Toda mudança é um parto. Mas, como num parto, nasce uma nova esperança.

Que seja um lar. E que o lar seja feliz.


quinta-feira, 11 de abril de 2013

Minha filha minha

Antíteses, sinônimos, adjetivos: um riso que extrai lágrima, uma lágrima escondida atrás do riso.

Brincando de vida séria, aprendendo a ser mãe. E a bonequinha fala, anda, tem vontade própria, e me inunda da felicidade mais plena, e me enche da preocupação mais dolorida. 

Um novo dia, um novo medo, que passa despercebido quando noto que o dia já passou. E estamos bem. Eu tanto faz. Ela está bem.

Eu e ela. Eu nela. Ela em mim. Ela minha. Eu comigo. E mais ninguém. Não divido. 

Tudo que ela tem, tudo que ela é. Tudo eu. Tudo meu. Medo que cresce. Pois o mundo acresce. E há perigo. 

Como fazer? Há quem ensine? 

As perguntas que eu tive até hoje, as respostas que não tive alternativas senão encontrar. E não posso testar. Se der errado, não pode dar errado. Impossível tentativa. Necessário acerto. Uma vida em minhas mãos. Moldo. E vejo ser moldada. Por mim. Por ela. Ela nela.

Não há livros. E é confortável compartilhar e ouvir outras experiências, mas o meu é diferente. O meu é só meu. Egoísmo extremado, confrontado com o receio do excesso. 

Tudo muito. 

Preocupações que crescem e me infestam. Mas só depois que ela dorme. Enquanto brinca, sou sorrisos. Deixo de lado qualquer tristeza, qualquer dor, e escondo, numa mentira inocente, o choro. Apenas um cisco no olho. Mãe não chora. Mãe não dói. Mãe é mãe. É mão que segura sempre. E eu estarei lá. Preciso estar. E estou. E sou. 

Eu. Só eu.

Sozinha, fiz em mim todo o mundo necessário para que ela não se sentisse nunca só. E não há impossível. Não há inatingível. Não há o que não haja. E se houver, eu crio. Faço. Invento. 

Força que nunca acaba. 

Até que ela durma. Tranquila. Anjo.

Depois disso, posso desmoronar. Mas com hora marcada para me remontar. Só até ela acordar.

Gerada de dois, criada por mim. 

Vai aprender. Vai crescer. Vai mudar. E eu... eu sempre mãe. E ela sempre minha. 



quinta-feira, 4 de abril de 2013

"... 'cause inside you're ugly."


É uma bela música esta.

E a tradução, adaptada, é a minha vida depois que você passou por ela.

Poderia mesmo me deixar de joelhos novamente. Poderia me fazer implorar. Chorar. Criança mimada, não é mesmo? E seria tudo em vão. Tudo vazio. Porque se o tempo voltasse, eu faria tudo de novo, e veria, de novo, que não valeu a pena. 

E foram tantas as vezes que eu me senti insegura, que é humanamente impossível contar. Mas agora, antes de entrar, eu deixo todos os fardos que você me deu para carregar do lado de fora.

Eu achei que nunca ia acabar. Achei que passaria todos os meus dias com o gosto da minha boca de tudo aquilo que eu nunca poderia ter. Mas devo te agradecer: foi muito bom  você ter colocado um ponto final. Você fez isso muito bem. Parabéns. É talvez a única coisa que fez corretamente.

Tantas tentativas. Tantas intenções. Aprendi a deixar meu orgulho de lado. Aprendi na marra a ser paciente. A aceitar que as coisas não podem ser como eu quero, ainda que eu queira apenas um mínimo. Respeito. Consideração. O mínimo. Porque eu dei o máximo. Mas desperdicei mais tempo do que qualquer pessoa no mundo.

Todas as lágrimas... Tudo lixo. Perdas. Sobras.

Mas e está tudo aqui dentro. E eu cansei de sentir toda essa dor. Tudo que ficou esmagado dentro de mim, agora esparrama. Fique agora você com ela. 


Deitada sozinha, não consigo mais consertar nada. E mesmo que conseguisse, nem tentaria. Não quero. Não vou. E amanhã vai estar tudo bem.

Porque eu estou agora do lado de fora. 
E consigo olhar para dentro. 
Eu posso ver através de você.
Ver as suas verdadeiras cores.
E por dentro, você é feio.
Não é nada como eu.
Eu finalmente posso ver dentro de você.
Posso ver o verdadeiro você.